1 de dez. de 2010

Chopin!

Haverá um tempo em que vou envelhecer... Então, os meus olhos já não precisarão da miopia a diminuí-los. Engruvinharão por si sós, cada vez menores em suas órbitas. Quanto as mãos, que eu costumo espalmar, mirando sem pressa... Creio que murcharão, porém, hão de manter-se longas e finas... Lombriguentas das músicas que jamais tocaram!
Ah, se eu ao menos pudesse ir ao piano... Se possível fosse, tocaria Chopin... E, tendo ainda que escolher, o Concerto para piano, número 01. Gosto mesmo de Chopin, me dá coragem... Meto-me a comentá-lo sem medo. Desconheço suas escalas, suas escolhas, contudo, dele eu sei que sofro! Vem-me a imagem de um pobre pianista a atiçar as teclas e notas. Notas, que sem ele seriam mais calmas, gozariam de mais tempo... É isso! Ele parece perseguir as notas de suas composições, é quase como se corresse no encalço delas, feito um doido... Se não fossem dele seriam só isso mesmo: um bando de notas corridas e cansadas. Mas, não. Chopin é paternal com sua música... Conhece as composições desde o nascimento, elas são como crianças peraltas que depois de muito exaustas dormem em paz! Seu adormecer é sempre pleno! Por isso, amo aos seus finais e se afinal tratamos de encerramento, seria boa trilha.